E que seja infinito enquanto dure
“Hey querida, gosto muito de você, de olhar gravuras, e de conversar com você, HEY QUERIDA, VOCÊ É DEMAIS!!!” Bruna foi acordada de seu transe hipnótico, vagando nas conversas com Roberto no sábado, “hey você, querida Superhist!”, ela cantou junto com o gaúcho psicodélico. Tentou procurar por Adriano e o viu perto palco, ao lado dela, guardou a máquina - agora não irei mais trabalhar, só irei curtir esse show magnífico” - olhou para Adriano com um sorriso confidente, que foi prontamente recebido da parte dele. Andou diretamente para o lado dele, “traduzir um som do Bob Dylan pra você”, desceu o palco do teatro, e cumprimentou-o alegremente, um calafrio na espinha fez com que ela se estremecesse toda diante daquele rapaz que tinha conhecido há dois dias atrás, juntando com o show do Júpiter Maçã. Agora era aonde ela queria mais estar, do lado de um cara gentil e legal, vendo um show maravilhoso. Começou a cantar todas as músicas, porque sabia tudo de cor, juntamente com Adriano, que provavelmente sabia as letras também, “hey querida, domingo vamos passear, lá no parque da redenção vamos viajar”, eles cantavam em uníssono e se entreolhavam satisfeitos e alegres, como dois amigos que se conheciam há bastante tempo, e eles gritam de prazer, “HEY QUERIDA, VOCÊ É DEMAIS, HEY VOCÊ QUERIDA SUPERHIST!!!!!"
Naquele momento, aquela situação, tudo estava perfeitamente bem, tudo estava transbordando felicidade. Risos, lágrimas de emoção, pulos, os pulmões cheios de ar, passando pelas cordas vocais, “Walter Victor, tomador de panca”. Bruna não queria que isso nunca terminasse, que fosse eterno, aquilo fazia um bem tão danado pra ela, que por um momento a fazia esquecer dos problemas cotidianos e mundanos. “O nome dela, Miss Lexotan 6 mg, garota”, quando Bruna ouviu esse começo da estrofe sentiu um aperto no coração, um nó obstruindo a garganta, algumas lágrimas querendo sair. Desde que “Miss Lexotan 6mg” como uma música pessoal, que dizia muito sobre a sua pessoa, e então a adotou. A canção que ela mais queria ouvir no show era “Miss Lexotan 6mg”, e Bruna sabia que não conteria a emoção e desabaria a chorar. “Ela é tensa só porque, seu amor não vive em São Paulo, nem Porto Alegre, nem lugar nenhum” - que vergonha, porque vou chorar logo agora? - pensou-a com seus bottons, nem cantava, o choro incontido não deixava Bruna fazer isso, ela não tinha nenhum lenço, então foi esfregando os olhos molhados com as mãos e fungava como nunca, de repente um braço foi estendido e não mão um lenço escrito na borda “Adriano”, ela se virou e viu o sorriso branco daquele cara de óculos, todo gentil e tímido. Bruna agradeceu, limpou os olhos, assoou o nariz, foi devolver, mas ouviu uma voz baixa que se confundia com o som – precisa não, fica com ele até o final do show – Bruna sorriu e ficou com lenço na mão, para qualquer caso. “Ela teme intensamente que jamais conheça um carinha, que vai comê-la estando apaixonado” – essa sou eu, sou eu definitivamente, mas talvez isso possa mudar – pensou Bruna contemplando o rosto de Adriano – ele não precisa me beijar hoje, eu posso esperar – vagueando sua mente, esquecendo-se completamente de Roberto – só estando do lado dele já me sinto bem, não precisa ter o clichê de beijar ao som de uma música maravilhosa ao vivo – o coração dela estava apertando de novo, mas não era ruim, era bom sentir isso, parecia que ela ia explodir de tanta felicidade.
The End (?!?)
Wolf Parade - "This Heart's On Fire"