QUINZE
Enquanto beijava a garota, a mente de vinte e poucos anos de Fernando martelava um único número: quinze, quinze, quinze, quinze, quinze.....Ele não sabia de onde vinha essa voz, provavelmente o seu "grilo falante" chamando para o fato de que QUINZE não era um bom número pra jogar na Mega-sena, ou talvez o contrário. "PORRA, essa voz dentro da minha cabeça tá me desconcentrando", pensou novamente Fernanddo, "maldito consciente, deixa minha libido em paz....o meu instinto fala pra eu continuar, então foda-se"
Mas enquanto línguas se entrelaçavam e a calça de Fernando ficava mais volumosa, a voz aumentou o volume..."quinze, quinze, quinze, QUINZE, QUINZE...". "Se a garota tá gostando e não se importa que eu tenha 23, embora dissesse que eu tinha 20, e na verdade eu tenho cara de 17, não preciso me importar", pensamentos vagos permeavem sua mente junto com o "disco furado" QUINZE...."e na verdade ela não tem mais 14 anos e não é mais virgem, então não posso ser preso juridicamente, mas moralmente é complicado, mas como não tem ninguém que eu conheço aqui, posso levar ela pra cama que ninguém vai notar....mas e depois, vou ficar com peso na consciência e nunca mais olharei para o número 15?"
"Ser ou não ser", a frase shakesperiana levada a outro patamar era o calcanhar de Aquiles na relação, e enquanto ele maquinava nem percebeu que tava num canto escuro da boate, com as calças arriadas e a garota agachada no chão. "Porra, essa garota não pode ter essa idade, ela não tem cara de meninas da idade dela, e faz coisas que uma garota da idade dela faria", ele tentava burlar com maestria os jurados morais de sua consciência.
E enquanto sua mente fritava com questões morais, ele nem se deu conta de que tava em uma cama, num quarto totalmente feminino, com a garota ao lado perguntando se a noite foi boa. "BOA?", ele pensou, "eu fiquei mais preocupado com filosofias morais e jurídicas que nem aproveitei....BOSTA". "Viu, Fernando, é isso que dá confrontar libido e razão".