sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Ei você (republicação)

Ei você!!!!
Você mesmo, seu pré-balzaquiano púbere
Que critica tudo e a todos, mas não é capaz de uma auto-crítica
Te chamam de roqueiro senil, mas na verdade é apenas um nome
Um nome apenas, que nada significa
Talvez signifique para as pessoas ao seu redor
Mas será mesmo que vale essa denominação
Para uma alma juvenil?

Você, que engana a si mesmo
Que tentou várias vezes se encaixar num termo
Mas rótulos não cabem a você, não é mesmo?
Você não é uma pessoa legal, “cool”, interessante
De momentos fulgazes vive sua alma
De felicidades momentâneas vive seu corpo
Volta depois para as profundezas do seu recôndito
E se entrega a prazeres carnais solitários
Em papéis, fotografias
E imagens de vinte e quatro quadro por segundo
E indignado consigo, escreve resmas sobre sua culpa
Para todos lerem sobre como você exorciza seus demônios
Está certo se expor assim??


Seu mentiroso, que vive uma farsa pra ti e seus amigos e seus familiares
Que toma as dores de alguém por um mínimo de atenção, mesquinha e invejosa
Que se satisfaz com pouco
Que mendiga orgasmos em espelhos frios
Que goza prazer em simples imagens de uma realidade intocável
Que raras vezes sentiu o toque suave de uma pele macia
Que raras vezes sentiu os lábios molhados de estranhas ou conhecidas
Que tem medo da intimidade
Da responsabilidade
De revelar segredos
De se entregar a alguém
De magoar
De fazer outra pessoa feliz
Medo de ter medo
Receio de você próprio


Você que se apóia em nicotina e álcool
Superar essa carência e a falta de atenção
Aliás, você tem toda a atenção do mundo
Mas não quer enxergar, cega ao seu redor
Você que sempre se mostrou uma pessoa que não se apaixona
Que não precisa de atenção
Que você por você próprio já bastava
Enganação

E agora, o que sobrou?
Do resto da sua alma em frangalhos
De seu corpo frágil?

Apenas os ouvidos para se sensibilizar com uma música
Os olhos para ver imagens belas, tão pertos mas tão distantes
Imagens de pessoas reais que você não alcançará
O tato para digitar palavras virulentas e verdadeiras em seu diário
Para revelar aquilo que suas cordas vocais não conseguem pronunciar
E expressar toda a confusão de seu cérebro

Vergonha, você deveria sentir vergonha
Por tudo que acontece contigo
A culpa é sua, somente sua

Talvez não seja tarde,
Levante e olhe na sua janela o sol nascer
Sinta o calor do sol na sua pele
Saia do estado de torpor
E tente.....tente.....tente.....
Fracasse....fracasse.....fracasse...
Experimente...experimente.....experimente
Até o fim de sua vida
Se você não conseguiu vitórias
Ao menos carregará a felicidade para seu túmulo
De ter vivido decentemente

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Uau. Lembrou eu. Porém ainda acho que sou um pouco mais aberta ao sofrimento...
ps: gosto à pampa do teu blog.

dom. fev. 19, 12:07:00 PM BRT  

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